Muitas vezes quando chego em
algum lugar e digo que sou músico é comum as pessoas perguntarem qual
instrumento eu toco, sempre respondo que toco vários, sou percussionista (Pra
quem não sabe além de jornalista, sou músico), então, a pessoa me indaga: o que
é percussão? Para tirar essa dúvida, preparei um texto* em que explica pelo menos
um pouco do que eu e muitos outros colegas de batuque fazemos, tem também a explicação de alguns dos instrumentos que eu uso no meu dia a dia. Espero que gostem!
Em sua maioria simples e
artesanais, os instrumentos de percussão são os mais antigos que existem, cuja
função é enriquecer o contexto musical das músicas populares e Orquestras
Sinfônicas, devido à variedade de sons que oferecem. Sua produção sonora vai
desde o mais simples ataque à “raspagem” e agitação do instrumento.
O papel do percussionista é o de
conferir textura rítmica às músicas – ou seja, mantendo o ritmo, mas
caracterizando, tornando a música única. Faz até intervenções
esporádicas - afirmando a sua personalidade e solos em que explora sua
criatividade, “abusando” da variedade sonora proporcionada pelos instrumentos.
A variedade de instrumentos de percussão é imensa, e as possibilidades de
combinação entre eles é praticamente infinita – cabendo ao músico a
criatividade e talento para combiná-los.
Presente nas World Musics, New
Waves, eruditas, músicas populares e até mesmo eletrônicas, a percussão não tem
limites estabelecidos, atingindo tanto o contexto rítmico quanto o harmônico
(como no caso dos xilofones e sinos). Para efeito de visualização, listei abaixo alguns itens desse universo musical da percussão. A maioria dos
listados são de fabricação puramente artesanal, por ser uma tradição do mundo
da percussão. Confira:
Congas:
É um tambor originário de cuba,
comprido, feito de casco parecido com um barril, tradicionalmente usado em duo
ou trio. As peles são esticadas por canoplas, que substituíram as cordas, que
eram usadas antigamente. Seu som ecoa entre o médio e o grave, com um timbre
característico da pele de búfalo. Seu corpo é feito de diferentes madeiras,
tais como cerejeiras, angelim ou carvalho – e até de fibra de carbono. É mais
usada em ritmos latinos, como o merengue, salsa, moçambique e a conga. É o
instrumento responsável pela marcação da base rítmica principal.
Bongô:
Também originário de Cuba, os bongos são dois
tambores conectados, de forma cônica, numa estrutura de várias peças que formam
algo semelhante a um barril, ou até corpos inteiriços, feitos de cabaça. Possui
o tambor chamado “fêmea” (mais agudo) e o “macho” (mais grave). As peles mais
utilizadas são as de gado ou de cabra. Seu timbre varia com a forma de ataque,
sendo um timbre mais abafado com a palma da mão ou mais brilhante com a ponta
dos dedos. Junto
com as congas, compõem a textura sonora do merengue, da salsa e da conga –
tradicionalmente latinos.
Repique:
O repique é um tambor pequeno
que, diferente dos dois supracitados, possui pele dos dois lados. Essa pele
comumente é sintética, e seu corpo é metálico. Ele é usado com uma ou duas
baquetas, e por ser pendurado no corpo, suas peles ressoam em conjunto quando
ocorre o impacto. É bastante usado em bandas marciais, em conjunto com demais
instrumentos de percussão. Em conjuntos, é mais solista, sem compromisso de
manter a base rítmica, como no samba, ou com tamborins, no ritmo galopado.
Carrilhão:
Instrumento composto por tubos
metálicos, que produz som através do deslizamento da mão pelos tubos, fazendo eles
vibrarem e manterem um som brilhante com sustain prolongado. Sua função musical
é puramente de efeito, sendo impraticável usá-lo para manutenção da base
rítmica.
Caxixi:
O caxixi é um instrumento
completamente artesanal, como um chocalho, porém com uma estrutura que permite
o percussionista tocá-lo em segundo plano, junto com demais instrumentos. No
caso da capoeira, ele é segurado pelo tocador de berimbau. Pode ser simples,
duplo ou triplo, dependendo do contexto. A versão tripla é mais usada em
manifestações ritualísticas dos africanos, garantindo maior sustain nessa
versão. Há quem use o caxixi acompanhado de uma vareta, esta dando pancadas no
seu corpo.
Quexada:
Instrumento de origem indefinida,
é composto por uma esfera densa e uma caixa vibratória conectados por um aço na
forma de um “queixo”, que quando tensionado, faz um som oco e contínuo por
algum tempo. Assim como o carrilhão, sua função musical é de mero efeito, não
servindo para sustentar a base rítmica.
Cajón:
Originário das regiões do Peru, o
cajón (caixão em espanhol) foi um aprimoramento dos instrumentos de percussão
que os escravos africanos usavam para tocarem seus ritmos. Tombado como
patrimônio cultural do Peru, sua estrutura é bem simples, sendo uma caixa
curvada com um tampo, esse tampo tendo tamanhos diferentes conforme varia sua
altura, para produzir os diversos sons. Foi utilizado para o flamenco por muito
tempo, mas sua popularização fez o instrumento se encaixar em praticamente
todos os estilos musicais.
Triangulo:
Instrumento de origem portuguesa,
o triângulo possui a forma de um isósceles, e é comumente composto por ferro ou
aço, podendo ser encontrado também em alumínio (menos duráveis). Seu timbre é
brilhante, e é obtido mediante constante movimento do bastão por dentro do
instrumento, contando com artifícios que mudam seu som, como a variação na
pressão da mão que o segura. É muito usado em ritmos regionais, como o forró, o
xaxado, o xote e etc.
Pandeiro:
Instrumento de origem indefinida,
estando presente na Ásia, África e Europa. Sua estrutura não possui uma caixa
de ressonância, sendo apenas uma pele esticada sobre o aro, podendo ser de
madeira ou de metal. Sua forma é circular ou meia-lua. Seu som é obtido
mediante brandimento do instrumento, fazendo um som constante, ou pela
percussão dos dedos e da mão. Apesar de simples, seu timbre é rico, pois
mistura o brilho das soalhas (placas de metal) com a pele, podendo esta ser
couro ou sintética.
* Informações retiradas do site www.timbres.com.br
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